3.9.10
80/20
O tempo corre, o mundo gira, as pessoas envelhecem. Bom seria se todos tivessem em mente que o homem é só mais uma espécie animal que [aparentemente] deu certo e conseguiu se manter ao longo dos anos. Poeira estelar, como já disse Jostein Gaarder. 13.000 é muito pouco, e certamente não viveremos outros deles. Diante dessa situação, só nos resta viver bem ou fuder com tudo de uma vez. Por mais reprovação social que certos comportamentos incitavam no imaginário coletivo, admirava as pessoas que os praticavam. Livres? Talvez. Mas tinha certeza de que quem segue a regra é só um anônimo que vai mais cedo pro moedor de carne. Vivem mais, em pior estado. Bom é parar pra olhar a paisagem, dar um passo pra trás, enrolar os pés com a ajuda da bebida, rodopiar e fazer cambalhotas. A vida retilínea é um tédio mortal. E negava-se a morrer aos poucos. Ou você vive bem ou morre de uma vez. Como o primeiro, último e único ato egoísta, a passagem desta para qualquer outra coisa diferente da vida constitui, realmente, seu único objetivo. Se ele existir, ressalte-se. Ver fotos de pessoas que passaram pela Terra pode ser uma experiência filosófica traumática pra quem não quer somente ver pessoas inexistentes. A humanidade ainda se preocupa com questões rasteiras, apesar de produzir maravilhas. O homem é capaz de construir uma vida de mentiras para esconder o seu desejo. E não há nada mais triste do que negar-se um desejo. A vida é repleta de sacrifícios? Certamente. Mas o sacrifício não pode ser seu substrato. Eu me recuso, pois aqui não há rascunho.